Imagine que você está diante de dois caminhos para investir seu dinheiro. De um lado, uma estrada bem asfaltada, com a placa indicando “13,97% ao ano – Sem Surpresas”. Do outro, uma trilha que acompanha o ritmo do tempo, com a placa dizendo “IPCA + 7,7% – Crescimento com Adaptação”.
Qual você escolheria?
Antes de responder, vale entender o que está por trás dessas placas. Esse é o coração da comparação entre títulos pré-fixados e aqueles atrelados à inflação. E não, não é só olhar o número maior e sair correndo. Tem muito mais por trás.
O que está em jogo: rentabilidade real e inflação futura
Quando falamos de um título pré-fixado, como o Tesouro 2028 pagando 13,97% ao ano, estamos falando de uma promessa fixa. Você já sabe exatamente o que vai receber lá na frente. Por outro lado, um Tesouro IPCA+ 2029 pagando 7,7% te promete duas coisas: acompanhar a inflação e ainda entregar um retorno real por cima.
O truque está justamente aí: quanto será essa inflação?
Se a inflação nos próximos anos for de 6%, por exemplo, o título IPCA vai entregar algo em torno de 14,2% ao ano. Ou seja: mais do que o pré-fixado. Mas… e se a inflação for de 5%? Aí o jogo muda. O IPCA entregaria algo como 13,6%, e nesse caso, o pré-fixado sai ganhando.
A conta que destrava a decisão
A pergunta que não quer calar é: qual é o ponto de equilíbrio entre os dois?
E a resposta vem com uma conta simples:
(1 + taxa IPCA real) x (1 + inflação esperada) -1 = taxa do título pré-fixado
Se você fizer essa conta, descobre que, considerando as taxas de hoje (13,97% e 7,7%), com uma inflação de 5,82% ao ano, os dois títulos entregariam o mesmo retorno. Qualquer inflação acima disso favorece o IPCA. Qualquer valor abaixo, o pré-fixado.
Mas… e o tempo?
Essa é a variável que muda tudo.
Se você vai levar o título até o vencimento, essa conta vale lindamente. Mas se pensa em vender antes, seja para aproveitar oportunidades ou porque a vida muda (como sempre muda), o cenário é outro.
Títulos com vencimentos mais longos oscilam mais. Muito mais. Um título IPCA 2050, por exemplo, pode subir ou cair 40% no meio do caminho, dependendo da direção das taxas de juros. E isso pode ser ótimo… ou não.
Por que longo prazo e pré-fixado não combinam muito bem
Vamos ser sinceros: travar um investimento por 20 anos com uma taxa fixa pode parecer segurança, mas é o tipo de segurança que pode virar prisão. A inflação muda, os juros mudam, e se você ficou preso numa taxa que pareceu boa hoje, mas vira ruim amanhã, não tem muito o que fazer.
Já o IPCA acompanha o mundo real. Ele te protege. E te dá flexibilidade para tomar decisões no meio do caminho, seja realizando lucros quando as taxas caem ou apenas dormindo mais tranquilo quando o mundo balança.
Em resumo:
- Curto prazo: dá pra comparar com mais clareza e escolher com base na expectativa de inflação.
- Longo prazo: o IPCA tende a ser mais inteligente, porque te protege das incertezas.
Se você entendeu esse raciocínio, já está anos-luz à frente da maioria das pessoas que escolhem investimento só olhando quem “paga mais”. E agora, quando aquele número brilhar na sua tela, você vai saber: por trás dele tem muito mais do que parece.
Quem é o professor De Matos
Sou apaixonado por investimentos e finanças pessoais.
Um profissional do mercado financeiro desde 2013, certificado pela Anbima (CEA) e Apimec (CNPI-P), como especialista em investimentos e analista de mercado, respectivamente.
Meu maior objetivo é ajudar pessoas a investirem de forma independente, garantindo a prosperidade financeira. Sempre lucrando e alcançando seus objetivos pessoais.
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