Renda Fixa Não É Fixa? Entenda de Uma Vez Por Todas

Quando a gente ouve “renda fixa”, o cérebro já imagina:
“Beleza, então o meu dinheiro vai crescer sempre para cima, igual linha reta.”

Só que na prática… não é bem assim.

Existe renda fixa que sobe, desce, balança — e até parece renda variável disfarçada.
Calma que eu vou te explicar de forma simples e direta o que nunca te contaram direito.


Existem Três Tipos de Renda Fixa

Antes de tudo, saiba: renda fixa não é tudo igual.
Ela se divide em três tipos:

  1. Prefixada
  2. Pós-fixada
  3. Indexada

Entender esses três é como pegar o mapa para não se perder no meio dos investimentos.


1. Prefixada: a promessa feita hoje

Você investe hoje e já sabe exatamente quanto vai render.

Exemplo:
“Invista agora e ganhe 10% ao ano até 2035.”

Igual colocar crédito no celular pré-pago: colocou R$ 50, sabe que só pode usar R$ 50.
Sem surpresas.

Só que existe um detalhe escondido:
Se os juros do mercado mudarem no meio do caminho… o valor de mercado do seu título também muda (já te explico).


2. Pós-fixada: o mistério revelado aos poucos

Aqui você só sabe que vai acompanhar uma taxa, como o CDI ou a Selic.

Mas o quanto exatamente vai render?
Só dá para descobrir depois que o tempo passar.

É como o celular pós-pago: você usa o quanto quiser, mas só descobre a conta no final do mês.

O que acontece aqui?

  • Se a Selic sobe → sua aplicação rende mais.
  • Se a Selic cai → sua aplicação rende menos.

Mas o seu dinheiro vai sempre subindo, todo dia.
É uma linha para cima, sem sustos.


3. Indexada: a mistura de futuro e presente

Aqui, você combina dois mundos:

  • Uma parte pós-fixada (ex: inflação pelo IPCA)
  • Uma parte prefixada (ex: + 6% ao ano)

Exemplo clássico:
“Tesouro IPCA+ 2045, IPCA + 6%.”

Isso significa que seu dinheiro vai render o que der de inflação mais uma rentabilidade garantida de 6% ao ano.

Parece perfeito?
É ótimo para proteger seu poder de compra.
Mas lembra: tem uma parte prefixada no meio… e ela também oscila.


Então… Por que a Renda Fixa Não É Fixa?

Agora que você entendeu os três tipos, vem o grande pulo do gato:

  • Se o seu título é pós-fixado → ele é fixo (cresce todo dia).
  • Se ele tem alguma parte prefixada → ele oscila.

E oscila por causa da tal da marcação a mercado.

Em resumo:

  • Quando os juros sobem, o valor do seu título cai.
  • Quando os juros caem, o valor do seu título sobe.

Um exemplo real para ficar claro

Suponha que em 2010 você comprou um título pagando 10% ao ano.

Em 2025, a taxa de mercado subiu para 15%.

O que acontece?

  • O seu título antigo (que rende só 10%) perde valor.
  • Porque hoje qualquer pessoa poderia comprar um título novo rendendo 15% ao ano — mais atrativo!

Se você quiser vender seu título que rende 10% hoje, em um cenário onde novos títulos rendem 15%, você vai precisar oferecer um desconto no preço do seu título para que ele continue interessante para quem for comprar. Pense assim, quem for comprar quer render 15% hoje e não os 10% que o seu título rendia. Então para o seu título ser atrativo, ele precisa render 15% também, e a única forma de isso acontecer é baixando o preço do seu título hoje.
Essa é a lógica da marcação a mercado.


O gráfico da realidade

  • Se você leva seu título até o vencimento, tranquilo: recebe o que contratou.
  • Se você precisar vender antes, aí sim pode pegar oscilações — tanto negativas quanto positivas.

A curva não é uma linha reta:
É uma linha que oscila com o mercado.


Como se proteger?

Se você quer:

  • Zero dor de cabeça, sem ver saldo caindo → prefira pós-fixados (Tesouro Selic, CDBs atrelados ao CDI).
  • Aproveitar boas oportunidades, mesmo com oscilações → considere prefixados e IPCA+, sabendo exatamente o que está fazendo.

Importante: Sempre alinhe isso com o seu prazo de investimento.

  • Dinheiro que pode precisar em breve → pós-fixado.
  • Dinheiro que pode esquecer até o vencimento → pode ser pré ou IPCA.

Para guardar de vez:

Taxa sobe → preço do título cai.
Taxa cai → preço do título sobe.

Essa é a regrinha de ouro da renda fixa.


Conclusão final:
A renda fixa é “fixa” só no vencimento.
No meio do caminho, ela pode dançar — e você precisa entender a música para não sair do baile antes da hora.



Quem é o professor De Matos

Sou apaixonado por investimentos e finanças pessoais.

Um profissional do mercado financeiro desde 2013, certificado pela Anbima (CEA) e Apimec (CNPI-P), como especialista em investimentos e analista de mercado, respectivamente.

Meu maior objetivo é ajudar pessoas a investirem de forma independente, garantindo a prosperidade financeira. Sempre lucrando e alcançando seus objetivos pessoais.

Saiba mais aqui: https://dematosensina.com.br